domingo, 20 de junho de 2010

Você está disposto a guardar um segredo?

Era o décimo-terceiro encontro daquele grupo. Décimo-terceiro, 13, número cabalístico, considerado para alguns como sinônimo de sorte, e para outros de azar. Não sei se azar ou sorte, mas nesse mesmo dia era o dia de cada jovem aprendiz mostrar tudo que aprendeu, mostrar o seu poder, e tranformar o seu grimório em relidade. Abstração, Reencarnação, Enviesamento, Precognição, Memória, Cura espiritual, Sinestesia, Combustão Espontânea, Conjuração, Telepatia, Sentido Háptico, Teleporte, Emanação de Luz, Poltergeist, Clarividência, Jogar, Experiêcia Fora do Corpo, Representar, Espaço, Invisibilidade Temporária, Terra, Água, Fogo, Vento, Tecnologia, Fenômeno da Voz Eletrônica, Diálogo, Sensibilidade, As Palavras se exibindo, Tranformação, Transmutação, Modelagem e Canalização. Estava tudo lá, tudo que foi aprendido do grimório de cada um um, estava presente. O poder cada um dos jovens foi tão forte, que dividiram o mesmo espaço muitas aranhas e quem delas tinha medo, cavalos brancos e quem os montassem, pessoas de branco e quem com elas se assustasse, militares e quem a ele respeitassem, quilos de arroz e quem a eles não se importassem, cantigos tétricos e quem a eles ignorassem, roupas invisíveis e quem a elas enxergassem, gritos muitos gritos e quem com eles se incomodassem, assentos de privadas e quem com eles se divertissem, piramides e estrelas e quem com eles se intrigassem, luzes brilhantes piscantes e quem com elas se encantassem, fotos muitas fotos e quem com elas se enamorassem, e gente muita gente e quem com elas se identificassem.


Nesse dia um grande segredo foi prometido ser revelado, mas só para quem fosse merecedor. E para ser merecedor de ser um guradião do segredo, era necessário ser inteligente, hábil e esperto, para decifrar todos os enigmas e códigos, e ao final além do segredo, o explorador também seria possuirdor de um tesouro. Á saber os enigmas são:

Enigma 1







Enigma 2









Enigma 3












Chave do código












Enigma Final
Depois de tantos enigmas, será que você está disposto a guardar um segredo?

É impressionante...

No décimo-segundo encontro do grupo. Um rapaz meio atrapalhado, mas ainda sim muito inteligente, nos falou do poder da Esfera Primordial de cada aprendiz, que é a canalização. Mesmo antes de haver alguma forma, existia a Essência divina, a quinta essência, e que o Grande Arquiteto do Universo, a modelou para que tomasse forma, estabelecendo os padrões. Essa massa de quintessência ainda existe, sob a forma de sentimentos e emoções. Cabe a cada aprendiz canaliza-las para seu corpo, sua mente e sua vidaa, tornando-se um recipiente vivo. Cada um deve absorver essa Essência da melhor forma possivel, e externa-las de forma criadora, assim, como o Grande Arquiteto do Universo. Então, uma menina muito tímida, mas muito esperta falou das suas canalizações, e das canalizações de outras pessoas que pode observar durante a sua vida, e que como elas formaram o principío do seu poder. Então, mais grimórios foram mostrados, grimórios foram alterados. E é impressionante notar que muito de tudo que aconteceu em todas as reuniões desse grupo, de alguma forma ou de outra canalizaram para dentro dos grimórios, ainda que com muitas abstrações.

Não foi tudo isso...

Era o décimo-primeiro encontro daquelas pessoas. Dessa vez, uma garota muito solícita falou das obrigações e referências que um aprendiz deve ter, em ser único e tantos ao mesmo tempo. A esfera da vida, onde está o pulsar da criação, buscar a metamorfose perfeita, como se fosse o poder da Grande Mão de Deus. Com esse poder pode-se modelar novos seres, ou se remodelar seres já existentes Então, um rapaz falou de sua experiência nesse poder, pelo que passou, e pelo que observou, transformações perfeitas e parciais também, mais ainda sim transformações. Então cada jovem aprendiz (não todos, é bem verdade), mostraram seus grimórios. Alguns muito bem construídos, ou paracendo apenas um conjunto de badulaques se sentido aparente, mas com certeza, todos construídos com muito esforço e aprendizado. Então, todos foram transportados para um outro lugar, e ver um mago que se diz experiente mostrar todo seu poder, mas alguns de lá acharam que a demostração de poder não foi tudo isso que se esperava...

sábado, 12 de junho de 2010

E desde quando roteiro é objeto palpável?

Décimo encontro daquele grupo, que a essa altura já tinha se tornado além de uma sociedade uma quase família. A primeira ação veio pelas palavras de uma moça muito sábia que explanou rapidamente sobre o estranho hábito de As Palavras de se exibirem. Fato que poucos de lá conheciam, ou pior ainda, poucos de lá acreditam nisso. Esse exercícios d'As Palavras, de se exibir, é fonte gerado de grande e extremo poder, é que tem força inclusive para mudar a trajetória de um determinado pensamento, podendo influenciar na trajetória dos homens, e na consciência desses. Principalmente porque, As Palavras quando se exibem, conseguem incrivelmente agregar inúmeras pessoas numa formação circular, e dentro deste círculo difundir ideias entre seus participantes. Porém, justamente pela descrença das pessoas neste poder oculto d'As palavras, é que As Palavras começaram a ter problemas em praticarem esse exercício, o que acarretou na mudança da forma com que elas agregavam as pessoas, normalmente era em um formato de um quadrado de pessoas a frente delas. Depois de dito tudo isso, uma pequena jovem confirmou esse desvirtuação do poder d'As palavras mostrando imagens de quando ela foi uma das pessoas agregadas por As Palavras. Então aconteceu uma breve discussão entre os demais participantes sobre esse poder ou não-poder que As Palavras têm. Então, a mulher que comandava o grupo, pediu ao participante mais experiente, que se levantasse de seu lugar, e sentasse na cadeira mágica que estava ao centro da assembléia. Ele lá sentou, e começou a conversar com uma pessoa invisível, que logo se levantou, e deu lugar a outra pessoa, também invisível, mas essa segunda pessoa também se levantou, e mais uma pessoa (invisível) ocupou a cadeira ao lado do rapaz experiente Ele travou uma conversa pessoal, que não deve ser descrita aqui porque é de extrema anti ética. Quando ele terminou a conversa, ele e a pessoas invisível se levantaram e foram embora. Então mais quatro pessoas sentaram sucessivamente numa das cadeiras centrais, e também convocaram pessoais invisíveis. Dessas quatro, uma conversou com o pai, outra conversou com uma ex-namorada, outra conversou com um amigo, e a outra pessoa não conseguiu conjurar uma pessoas invisível. Então, a mulher que conduzia a assembléia, distribuiu a segunda atividade que fazem parte do ritual que fará com que os participantes daquela sociedade possam ser aceitos naquele grupo, ou não (a primeira atividade, é relatar exatamente tudo que lá acontece e divulgar em nível mundial para o máximo de pessoas humanamente possível). A segunda atividade trata-se de construir o seu grimório e mostra-lo a ela na próxima assembléia. Esse grimório vai estar anotado todos os passos para conseguir fazer um grande feitiço que será a prova final de aceitação, por isso o grimório tem que ser ao mesmo tempo um compêndio textual roteirizado das magias apreendidas, e também um conjunto de objetos palpáveis que tenham sido conjurados durante as reuniões. O franzino aprendiz já tinha na cabeça o que fazer exatamente.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pássaro Junino Tucano



O mês mais folclório do ano chegou lembrando que é momento para reviver as tradições populares! E de todas as manifestações artísticas juninas, sem dúvidas, a que mais me chama atenção são os teatros de pássaros. Isso porque além de ser algo exclusivo de nossa região, é uma tradição que remonta desde a Belle Époque, e também porque faço parte de desses grupos: o Grupo Junino Pássaro Tucano.

O Pássaro Tucano foi fundado em 1927 por Cipriano – o Cipri – no bairro da Cremação e conquistou vários títulos de campeão na quadra junina de Belém. Com a morte de Cipri, o Tucano somente voltou a sair em 1980, pelas mãos de seu afilhado, professor Laércio Gomes, e de Ara Oliveira.

Desde 1981 é Iracema Oliveira, irmã de Ara, a guardiã do grupo, que atualmente tem sua sede no Telégrafo (Rua Curuçá, n.1109). O Pássaro conta atualmente com cerca de 30 brincantes, entre vizinhos, familiares da guardiã, estudantes e atores.

Em 2010 o Pássaro Tucano apresentará a peça inédita “O PESO DA INVEJA” escrita por Ester Sá, atriz, brincante e estreante como autora de texto para Pássaros. Na peça, sob a orientação da guardiã Iracema Oliveira, os brincantes apresentarão ao público as armadilhas, perigos e infortúnios que a inveja pode provocar quando no coração dos homens.

(texto: adaptado de: http://passarotucano.wordpress.com/)

Segue abaixo nossa programação de apresentações:

06/06 – Domingo a partir de 9h - O Cortejo de abertura da quadra junina com revoada de pássaros, na Praça da República.
12/06 – Sábado às 13h no Colégio N.P.I
13/06 – Domingo às 10h - Teatro Waldemar Henrique (Praça da República)
19/06 – Sábado às 19h - Memorial dos Povos (Programação Oficial da Fumbel)
20/06 – Domingo às 18h - Clube Imperial (Bairro do Cremação)
27/06 – Domingo às 18h no Teatro Gasômetro (Parque da Residência)
27/06 – Domingo às 20h no Teatro Cláudio Barradas (Programação Oficial da Secult)
03/07 – Sábado a noite – Encerramento na casa de Iracema (Rua Curuçá, 1109)

A programação é inteiramente gratuíta, venha com sua família e amigos, a diversão é garantida!

A greve é muito grave...

Nono encontro daquele grupo, e naquele dia era momento de conversar sobre tecnologias. Falou-se sobre futuro, micro-chips, Iphones, datashow e um monte de aparato que existe hoje pra melhorar, otimizar e modificar a vida das pessoas. E mesmo com tudo isso para auxiliar na expressão máxima da comunicação, parece que motoristas de transporte coletivo não conseguem dialogar na sua forma mais primitiva com seus patrões, e por causa disso um pequeno rapaz foi curtir mais cedo suas quimaduras deitado na cama.

Eu fiquei desfalcado!

A oitava vez que aquele grupo se encontrava, e apesar de aqueles encontros sempre acontecerem em local fechado, naquele dia se falou sobre o ambiente externo, e como ele interfere na nossa casa. Em alguns momentos, aconteceu a ilusão de estarmos fora mas ou mesmo tempo dentro da sala. Quem falava isso era um rapaz muito jovem (quiçá o mais jovem em meio a todos), porém muito muito sábio. Então um rapaz mentiroso assumiu a palavra, e começou a inventar naquele mesmo lugar um monte de histórias furadas pra preencher tempo e mostrar que sabe de alguma coisa, quando na verdade não sabia de nada. Terminada as explanações, começaram-se as sessões de invocação, com a participação de dois casais e um rapaz solteiro. Dessa vez surgiu uma parede recheada de fotos de psicopatas e homicidas, que se transformaram num único enorme rosto deformado dando um gargalhar tétrico, então se ouviu um grande e longo assobio tenebroso que resultou num enorme silêncio assustador, em seguida um rapaz jovem e forte ficou para olhando todos e caminhou para um canto muito distante onde tinha uma ponte mal iluminada, e com isso o rapaz virou apenas uma sombra. Um rapaz franzino viu surgir grandes bolhas de água que o capturaram e o fizeram caminhar como um marionete por sobre ferros e terra, até que chegasse numa cama de bronze onde ele teve que se deitar, mas de qualquer forma ele ainda se sentiu desfalcado.

domingo, 9 de maio de 2010

Medo

A sétima vez que aquele grupo se encontra. Sete é um número cabalístico, e neste dia tudo de cabalístico aconteceu. Um rapaz falou sobre jogo e relação que ele pode ter com o agora, com o neste instante. O Agora e o depois se confundem. Inventar não é o mesmo que improvisar, e não é mesmo. Então depois um outros rapaz tentou provar o contrário disso, mas não conseguiu. Então cinco casail sentaram ao centro da assembléia para contar histórias de suas famílias que agora são uma. E logo serão só uma com a família de todos que estão ali. Talvez tenha sido pelo número cabalístico, o sete. Apareceram naquela sala, pessoas vestidas de branco, a mesma cor do cavalo que também surgiu, homens em hospitais, chás milagrosos, homens magros e altos de maneira anatomicamente improvável, garotas fazendo birra em janelas de casas de madeira, luzes verdes ofuscantes, e um telefone que sempre anuncia desgraça. E pareceu até que algumas pessoas estavam incorporadas digamos que por seres que alguns daquela sala queriam estar longe, muito longe. Não sei se todos essas aparições vieram para se apegar as pessoas, mas o fato é que realmente ela se apegou a um rapaz que naquele dia não conseguiu dormir...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Ei cara, me leva pra lá!

O sexto encontro daquele grupo começou com rápida e confusa explanação de um certo militar sobre a luz de lampião em comparação a luz de lampada elétrica. Ele falou do tempo que se modifica por causa do tipo de iluminação, ou seja, o tempo é mais devagar quando iluminado pela luz de uma chama, e que o tempo se acelera quando iluminado por um filamento incandecente a partir da eletricidade. Depois da explanação do militar, uma moça muito espevitada comparou a velocidade do tempo em comparação as épocas em que se utilizava a luz de chama, de quando as freiras ainda não eram santas, e sim somente humanas. Então a mulher que comandava o grupo fez com que 3 casais meio trocassem experiência meio que estranhas. Nesse momento surgiram espectros de rapazes sem olhos, aranhas que se tranformaram em cavalo deante de nossos olhos, bonecas que piscavam os olhos sem parar, meninas que pulavam janelas gigantes, anéis de serpente, homens de branco que se confundiam à muros, orixás e caboclos e médiuns que psicografam histórias passadas. Até que uma dessas entidades pediu a uma moça: ei cara, me leva pra lá!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sentido apático...


Era o quinto encontro daquele grupo e começou como sempre começara: com a explanação de um dos jovens sobre algum determinado assunto. Porém naquele dia, a linda jovem que iria explanar e o dileto rapaz que iria tecer comentários acerca da explanação da moça, se atrasaram para a reunião, o que causou grande tensão e medo, pois a mulher ameaçou fazer malvadezas com os demais jovens caso os dois não chegasse. Felizmente eles chegaram. A bonita jovem falou dos cheiros, aroma e odores que permeiam a nossa vida. E que apesar de não se dá a devida atenção a eles, ainda sim eles ativam a parte do corpo que se vem trabalhando a algum tempo: a memória. E que ele juntamente com os sabores, sons, imagens e texturas, têm o estranho poder de remeterem a campos muito familiares e agradáveis, ou às vezes muito desagradáveis ainda que bem conhecidos. Mas que ainda sim são memórias sinceras. Então o dileto rapaz fez uma relação com alguns momentos que havia passado em sua meia-vida: quando entrou em banheiros alheios cheios de detergentes e água suja pelo chão, quando assistiu sessões estranha de defumação enquanto homens ofegantes corriam ao seu redor, e de quando foi convidado a participar de uma orgia de frutas e vinhos despejados por corpos nus. Então a mulher como sempre fazia, usou de palavras mágicas para conduzir um dos casais, após uma mísera semana de matrimônio, a uma espécie de "terapia de casal". O marido deveria discutir com alguém imaginário, e assim colocar para fora suas angústias freudianas que poderiam fazer uma esposa sofrer. A esposa por outra lado, deveria contar ao marido histórias secretas de sua estirpe, afim de que não guardasse segredos do marido que pudessem o levar a desconfianças infundadas. Nesse contexto, era e foi, inevitável, a tristeza, a emoção e as lágrimas evidentemente. O despejo de angústias misturadas aos segredos desencadearam numa bomba sentimental que logo explodiu num longo e confortável abraço, selando mais uma vez o matrimônio. Estava terminada a terapia, e por conseguinte os problemas passionais. Uma moça, já meio alterada, não sabendo dominar seus poderes, tomou para si todo o tipo de tristeza e emoções que por ali passaram. E quase explodiu em revolta não fosse um rapaz muito pró-ativo que excomungou todos os fantasmas na forma de sentimentos que queriam acometer a moça. Livrada do mal, a moça voltou a se parecer como todos os demais integrantes da reunião: sendo dominados não mais pelos sentidos de visão, audição, paladar, tato, olfato, háptico; mas sim pelo mais desconhecidos dos sentidos: o sentido apático...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ei cara, relaxa...


No quarto encontro daquele grupo, como nos dois último encontros, começou com jovens integrantes tomando a frente da assembléia, porém dessa vez não foi um só, mas sim dois integrantes. Eles falaram de uma certa crise em nossos sentidos. Disseram que essa crise é na verdade uma doença, uma peste, assim como a peste da insônia que Garcia Marques descreveu em "Cem anos de solidão" (citada na terceira reunião) e a peste do nazismo que se espalhou pela Alemanha entre as décadas de 30 e 40. A peste da anestesia, esssa doença que foi se espalhando até tomar conta de toda população. Essa doença é trazida pelo contato com os aparelhos tecnológicos que são seu reservatório natural e também seu vetor de transmissão. Os piores sintomas são a perda dos sentidos (principalmente tato e olfato) ou o condicionamento para uma percepção restrita (visão, paladar e audição). Até que o doente se encontre imerso em um mundo familiar bombardeado de imagens pré-estabelecidas trazidas pelos aparelhos tecnológicos, enquanto o mundo lá fora se esfumaça e se esvai cada vez mais, até tornar-se algo distante ou inatingível. Duas moças que estavam completamente tomadas por essa peste, não resistiram à doença e desapareceram. Então todos os outros, inclusive a mulher que conduzia as reuniões, preocupados com o grau de contaminação da peste, discutiram em que estágio da doença se encontravam, o que poderiam fazer para se curar e como fazer para levar a cura à outros. Alguns momentos antes, os dois jovens aprendizes que estavam ao centro da assembléia, tentaram realizar uma espécie de mágica, incutiram composições imagéticas na mente de todos ali presentes da manifestação mais grave da peste do nazismo: a intolerância. Um dos participantes se sentio extremamente imcomodado com as imagens que lhe foi projetado à suas vistas. Ele estava curado da anestesia. Então a mulher mais uma vez usando de seus poderes fez com que os participantes se unissem num matrimônio intermitente, que só duraria aquela noite. E os casais, como num primeiro encontro, somente se entregaram aos braços um do outro. Alguns poucos sentiram-se tensos, enquanto outros mais ficaram até bem relaxados. Uma voz secreta soprou ao ouvidos dos aflitos "Ei cara, relaxa...", e tudo voltou a ser mansidão.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Não gosto de discussões que não levam a nada...


Era a terceira vez que aquele grupo se reunia. Começou a assembléia com uma moça muito bonita falando sobre memória, exatamente o mesmo tema em que se encerrou na última reunião. Ela falou de um fato físico facilmente explicável que é o tempo encurtado nos dias de hoje, que com o passar do tempo o dia perdeu muitos minutos e algumas horas. Porém, mesmo sabendo-se disso, a sociedade ainda acredita hipocritamente que o dia ainda tenha 24 horas, quando se sabe é claro que o dia passou durar somente 19 horas e 27 minutos. Então moça bonita falou de um certo exercício mágico ancestral, que podia fazer o tempo voltar a ser mais lento, e o dia voltar a ganhar 24 horas, sendo possível ganhar até mais que 24 simples horas, chegando mesmo ao infinito de horas. Era um exercício dos ancestrais deles, de mexer numa determinada parte do corpo que haviam parado de mexer, a memória, e que quanto mais se toca nela, seja a memória pessoal, a memória pessoal de outro, ou a memória de uma época, mais o tempo passava devagar. Então depois disso, uma rapaz muito magro e tímido tomou o centro da assembléia e disse que uma amiga sua havia feito esse exercício com as memórias de uma tia dele, e ele afirmou piamente que o exercício funcionara. Depois ele lembrou que também já havia feito esse exercício em um grupo de pessoas para lembrar uma época muito especial daquela mesma tia dele, e que também havia funcionado. Então um outro rapaz, de aparência muito familiar, explanou sobre a utilização da mágica memória para a formação da identidade de determinados povos. Um outro rapaz mostrou um exemplo prático de como a memória formou a identidade de uma população de uma cidadezinha que era composta de somente três habitantes. Então a senhora mais velha que sempre conduzia aquele grupo, como nas últimas reuniões, fez uso de seus poderes mágicos e conduziu o corpo dos demais participantes somente pelo comando de voz. Ela os fez repetir involuntariamente gestos que eles fazem em momentos muito sercretos, como trocar de roupa e tomar banho, e os fez repetir tantas vezes e cada vez mais rápidos, que o gesto se tornou algo grotesco, algo fora do corpo daqueles jovens, como se cada um deles fosse únicos e ao mesmo tempo muitos. De modo que aquelas personalidades entrassem num inevitável conflito, numa repentina discussão e que não os levaria a lugar nenhum que não fosse para as suas próprias casas.

É muita narrativa enviesada...

Uma segunda vez aquele grupo de pessoas se encontrou para conversar e fazer trocas que resultassem numa espécie de experimento. Um rapaz muito sábio, se levantou primeiro, e fez toda uma contextualização histórica de forma primorosa, porém foi sentido que lhe faltou algo mais substâncial, algo mais objetivo, para que pudesse se fazer entender daquilo que havia estudado, mas mesmo assim ele o fez na sua postura mais séria, o que o fez merecer tantos aplausos. Depois uma mocinha muito comportada, sentou-se ao meio da conferência, e fez o estranho exercício de mostrar na prática-falada, o que o rapaz havia tentado explanar. Mas ela falou de experiências pessoais para demonstrar o que estava falando. Então uma forte luz se ascendeu. Só então o grupo foi compreender do que se tinha falando, falava-se de histórias: histórias dos semelhentes, histórias de pessoas, histórias humanas. Histórias entrelaçadas umas as outras dentro de um único contexto bastante expressivo, feita de fragmentos e cacos de outras tantas histórias. Então a mulher que sempre conduzia aquela esquisita experiência, se usou de algumas palavras de poder e magia, e fez que todos os mais jovens, meio que involuntáriamente, voltasse a reviver uma pequena cena-memória-fotografia-relance do seu passado pueril naquele mesmo lugar, de modo que seus corpos recordassem um tipo de registro que nem sabiam que tinham, de modo que entrassem numa espécie de transe coletivo, de memórias entrelaçadas, mesmo que em passados diferentes, de modo que passassem a dividir o mesmo lugar comum em ações gritatemente estranhas e desconexas, de modo que os próprios jovens assumissem o controle um dos outros por meio de voz ou da própria sensibilização mental, de modo que passasem a passear por territórios muito secretos um dos outros, de modo que estavam brincando com o ouro e sangue uns dos outros. Isso, mesmo com jovens inexperientes, filhos de uma pátria de lembranças perdidas, e distantes de uma terra de promissões futuras, não é correto. E justamente por isso, um jovem tímido e franzino, não quis se propor aos exercícios, pois não se sentia preparado para entrar em campos tão obscuros e perigosos como o da própria memória. Isso porque, nem todos querem se enviesar por teias de narrativas que podem esmagar a razão e dilacerar um coração.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Eu sou um psico, Pata!


Num lugar muito diferente, mas no entanto muito familiar, um grupo de pessoas se reuniu numa noite qualquer. Uma mulher, mais experiente que os demais integrantes daquele roda, explicou os pormenores que permeariam aquela reunião, e de um modo geral, todas as outras reuniões que acontecerão dali em diante, sempre naquele local e naquele horário. Os demais participantes ouviram com calma tudo o que ela falou, e concordaram meio que compulsoriamente. Até que ela pediu-lhes que fizesse o seguinte ritual: levantar do seu local e se sentar num local em destaque convencionado por ela. E proferisse rápidas palavras sobre si, e sobre o que conheciam sobre o tema que os levaram até aquela reunião. No início ficaram todos titubeantes para se posicionar em destaque, porém todos acabaram por fazer. E por fim, um após o outro, acabaram falando de si, uns de forma mais exposta, e outros de uma maneira mais acanhada, mas aos poucos foi surgindo, ainda que de forma aleatória um pedacinho da vida de cada até chegar aquele dia. Então todos falaram de suas experiências, sentindo uma ponta de inveja daquela mulher que conduzia a reunião. Muitos de lá já haviam passados por situações semelhantes àquela reunião, e também por experiências semelhantes ao que a mulher havia passado, enquanto outros tinham ali quase que seu primeiro contanto com o universo que estava sendo discutido lá. Então ela pediu que quatro dos integrantes se levantassem, e proferissem palavras que lhe tivessem causado algum tipo de sensação em quanto falavam, palavras quase mágicas. Ao passo que, os quatro a cada vez que iam falando as palavras, seus corpos iam mudando de forma de um modo muito estranho, mas mesmo assim fazendo algum sentindo. Até que as mudanças incessantes, a chegaram à dois extremos, um de grande conforto, e outro de um enorme desequilíbrio. Dai se percebeu que ela estava ativando locais da personalidade deles que eles pouco conheciam, os locais onde se escondem as mais feias e estranhas psicopatologias. Ao final do encontro, saíram daquela reunião pelo menos 27 psicopatas!
 
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