segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sentido apático...


Era o quinto encontro daquele grupo e começou como sempre começara: com a explanação de um dos jovens sobre algum determinado assunto. Porém naquele dia, a linda jovem que iria explanar e o dileto rapaz que iria tecer comentários acerca da explanação da moça, se atrasaram para a reunião, o que causou grande tensão e medo, pois a mulher ameaçou fazer malvadezas com os demais jovens caso os dois não chegasse. Felizmente eles chegaram. A bonita jovem falou dos cheiros, aroma e odores que permeiam a nossa vida. E que apesar de não se dá a devida atenção a eles, ainda sim eles ativam a parte do corpo que se vem trabalhando a algum tempo: a memória. E que ele juntamente com os sabores, sons, imagens e texturas, têm o estranho poder de remeterem a campos muito familiares e agradáveis, ou às vezes muito desagradáveis ainda que bem conhecidos. Mas que ainda sim são memórias sinceras. Então o dileto rapaz fez uma relação com alguns momentos que havia passado em sua meia-vida: quando entrou em banheiros alheios cheios de detergentes e água suja pelo chão, quando assistiu sessões estranha de defumação enquanto homens ofegantes corriam ao seu redor, e de quando foi convidado a participar de uma orgia de frutas e vinhos despejados por corpos nus. Então a mulher como sempre fazia, usou de palavras mágicas para conduzir um dos casais, após uma mísera semana de matrimônio, a uma espécie de "terapia de casal". O marido deveria discutir com alguém imaginário, e assim colocar para fora suas angústias freudianas que poderiam fazer uma esposa sofrer. A esposa por outra lado, deveria contar ao marido histórias secretas de sua estirpe, afim de que não guardasse segredos do marido que pudessem o levar a desconfianças infundadas. Nesse contexto, era e foi, inevitável, a tristeza, a emoção e as lágrimas evidentemente. O despejo de angústias misturadas aos segredos desencadearam numa bomba sentimental que logo explodiu num longo e confortável abraço, selando mais uma vez o matrimônio. Estava terminada a terapia, e por conseguinte os problemas passionais. Uma moça, já meio alterada, não sabendo dominar seus poderes, tomou para si todo o tipo de tristeza e emoções que por ali passaram. E quase explodiu em revolta não fosse um rapaz muito pró-ativo que excomungou todos os fantasmas na forma de sentimentos que queriam acometer a moça. Livrada do mal, a moça voltou a se parecer como todos os demais integrantes da reunião: sendo dominados não mais pelos sentidos de visão, audição, paladar, tato, olfato, háptico; mas sim pelo mais desconhecidos dos sentidos: o sentido apático...

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