segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ei cara, relaxa...


No quarto encontro daquele grupo, como nos dois último encontros, começou com jovens integrantes tomando a frente da assembléia, porém dessa vez não foi um só, mas sim dois integrantes. Eles falaram de uma certa crise em nossos sentidos. Disseram que essa crise é na verdade uma doença, uma peste, assim como a peste da insônia que Garcia Marques descreveu em "Cem anos de solidão" (citada na terceira reunião) e a peste do nazismo que se espalhou pela Alemanha entre as décadas de 30 e 40. A peste da anestesia, esssa doença que foi se espalhando até tomar conta de toda população. Essa doença é trazida pelo contato com os aparelhos tecnológicos que são seu reservatório natural e também seu vetor de transmissão. Os piores sintomas são a perda dos sentidos (principalmente tato e olfato) ou o condicionamento para uma percepção restrita (visão, paladar e audição). Até que o doente se encontre imerso em um mundo familiar bombardeado de imagens pré-estabelecidas trazidas pelos aparelhos tecnológicos, enquanto o mundo lá fora se esfumaça e se esvai cada vez mais, até tornar-se algo distante ou inatingível. Duas moças que estavam completamente tomadas por essa peste, não resistiram à doença e desapareceram. Então todos os outros, inclusive a mulher que conduzia as reuniões, preocupados com o grau de contaminação da peste, discutiram em que estágio da doença se encontravam, o que poderiam fazer para se curar e como fazer para levar a cura à outros. Alguns momentos antes, os dois jovens aprendizes que estavam ao centro da assembléia, tentaram realizar uma espécie de mágica, incutiram composições imagéticas na mente de todos ali presentes da manifestação mais grave da peste do nazismo: a intolerância. Um dos participantes se sentio extremamente imcomodado com as imagens que lhe foi projetado à suas vistas. Ele estava curado da anestesia. Então a mulher mais uma vez usando de seus poderes fez com que os participantes se unissem num matrimônio intermitente, que só duraria aquela noite. E os casais, como num primeiro encontro, somente se entregaram aos braços um do outro. Alguns poucos sentiram-se tensos, enquanto outros mais ficaram até bem relaxados. Uma voz secreta soprou ao ouvidos dos aflitos "Ei cara, relaxa...", e tudo voltou a ser mansidão.

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